Aventura para adquirir equipamentos médicos

Havia acabado de descer de seu navio, junto ao restante de sua tripulação, que provavelmente também estariam atarefados com os seus próprios afazeres. Não conhecia a cidade, mas caminhava a esmo. A princípio, sentia apenas a vontade de caminhar sobre terra firme, e de se esticar um pouco, e portanto, optou por não parar para pedir informações em primeiro momento. Felizmente, Redgrave não era do tipo muito ameaçador, logo, dificilmente chamaria atenção ou deixaria alguém apavorado pelas ruas de Shell. A marinha também não o reconheceria, haja visto que não havia recompensa por sua cabeça.

Após alguns minutos caminhando, observando a geografia da cidade, analisando o comportamento das pessoas que podia avistar, decidiu que finalmente iria parar a sua jornada sem um destino certo para pedir uma informação. Precisava descobrir uma loja onde encontrasse os devidos equipamentos para levar consigo até o navio, e, também, alguns igredientes, bem como alguns remédios já prontos.

Como consequência de seu desejo e da falta de conhecimento acerca da cidade pela qual transitava, decidiu abordar o primeiro cidadão ao qual teve acesso.

-Com licença... Mas será que poderia me ajudar? Estou de passagem com um navio de cargas, e estou precisando de alguns equipamentos médicos para seguir viagem... Será que poderia me dizer onde posso encontrar esse tipo de mercadoria?

O jovem pirata não se sentiu muito confortável com o modo ligeiramente auspicioso com o qual a moça o analisou. Mas logo lembrou-se de que não estava em uma cidade particularmente grande, novos rostos raramente passam despercebidos em cidades assim. Assim que ouviu a orientação, esboçou um sorriso e preparava-se para procurar pela loja indicada, quando lhe fora oferecido também a companhia por parte da jovem que ali estava.

-Seria um prazer ter a sua companhia, sem dúvida. A propósito, chamo-me Tony, e agradeço muito por, não só ter me indicado a loja, mas também por vir comigo e me ajudar a sobreviver ao Sr. Tachyon.

Tal como suspeitara do comportamento de Nura quando o mesmo desembarcou em LogueTown, o rapaz logo sentiu algumas dúvidas percorrerem a sua mente. Passou a maior parte de sua vida sozinho, o que tornava difícil, embora não ruim, a sua socialização com as demais pessoas, e justamente por isso, sentia-se levemente desconfortável e intrigado.

No entanto, aceitar que ela fosse junto havia sido a pior coisa que ele poderia fazer e não tardou a descobrir. Lembrou-se do que estava prestes a fazer na loja de equipamentos médicos, um roubo. E estava levando um civil junto consigo, e isso era, no mínimo, uma péssima ideia. Talvez uma refém? Não era do feitio do jovem pirata usar de tais artimanhas enquanto não fosse necessário. Ainda assim, matar pessoas também não era a maior diversão dele, e era um igual desprazer colocar a integridade física de outrem em risco atoa. Valores estes que acabou desenvolvendo como médico e que agora estavam em seu caminho como um pirata.

-Desculpe fazer com que perca tempo vindo comigo. Tem mesmo certeza de que não tem problema? Digo, minhas roupas estão todas velhas e rasgadas. Talvez pensem mal de ti por estar andando com alguém com uma aparência assim tão deplorável.

Agora que havia aceito o convite, tornar-se-ia pior se ele a dispensasse sem embasamento. Portanto, um último e breve esforço para não levar uma testemunha em potencial. No mais, um plano B já corria por sua mente. Poderia analisar a loja, os itens que queria adquirir e dar alguma desculpa pra voltar mais tarde. Assim, conheceria o local, possíveis rotas de fuga e poderia ser mais objetivo ao efetuar o roubo e sair dali rapidamente, sem causar muita confusão. Quebrar as coisas era divertido, mas não sairia por ai causando problemas a seu capitão quando podia evitá-los.

-Erm. Tudo bem, vamos.

Contato físico com as demais pessoas não era algo que acontecia com frequência na vida de Tony. Mais acostumado em estar sozinho, breves diálogos eram a maior interação pela qual passava, com exceção dos momentos em que praticava suas atividades como médico em treinamento. Ainda assim, sabia que era algo perfeitamente normal, e pensando nisso, simplesmente seguiu o rumo acompanhado de Megumi, sem muita reação.

Ignorou a parte das roupas. Ele mesmo não se importava com os trapos que vestia, era só uma desculpa mal dada pra tentar limpar seu caminho. E, no entanto, a visita não seria de todo o mal. Teria a chance de estudar a localização da loja e a região pra poder determinar uma rota de fuga, bem como ter uma breve noção da localização dos equipamentos que pretendia roubar, e assim, efetuar o crime com mais precisão, agilidade e aumentando suas chances de sucesso. Analisar as pessoas que estariam frequentando a loja e possíveis funcionários ou guardas também lhe viria a calhar.

Imerso em seus pensamentos, e arquitetando vários e vários esquemas diferentes, Tony se deixava levar pelas ruas de Shell, diga-se de passagem, muito bem acompanhado, deixando um espaço em sua mente também para o novo poder que havia adquirido com a sua Akuma no Mi. Queria colocá-lo a prova, descobrir do que era capaz e a hora estava chegando.

-Não fica aberto até tão tarde? Isso é... Uma pena.

Sorriu e deixou que o destino, nesse caso representado por uma menina de cabelo rosa, o guiasse pelas ruas de uma cidade desconhecida, até que seu objetivo finalmente deixasse de ser abstrato para se tornar algo claro, físico, palpável. Fixou os olhos no chão para não tropeçar e assumiu o seu semblante calmo e sereno, confiante como sempre, pensando apenas em dar um passo após o outro.

A loja já estava em seu campo de visão, era uma questão de alguns passos e então estaria dentro dela para fazer a sua avaliação no local, mas de uma maneira totalmente inusitada, a reta final de sua trajetória acabou por ser brevemente interrompida quando Alice, sua companheira, a qual não conhecia muito bem, muito embora soubesse seu nome, caiu do céu, vindo sabe-se lá de onde, diretamente sobre Tony. É verdade que ela não era pesada, mas mesmo assim, a surpresa fez com que o jovem pirata perdesse seu equilíbrio, e ele acabou por cair sentado no chão.

-Alice? Te arremessaram até aqui? Deuses, tudo bem contigo? Se machucou?

Seu instinto de médico fez com que ele acabasse ignorando a pergunta de Alice, estava realmente preocupado com a integridade física dela, assim como sempre ficava com as demais pessoas. Vagarosamente colocou-a no chão, analisando-a com os olhos no processo, como se procurasse possíveis machucados. Respirou aliviado quando viu que seu corpo havia amortecido a queda, de forma que ela não havia se machucado.

-Sim, eu conheço a Alice. Ela veio no mesmo barco de cargas que eu, estamos conhecendo lugares diferentes, servindo no navio pra podermos viajar. Eles não fazem uma seleção muito rigorosa, então nosso grupo é bem diverso... Uma gata falante e um andarilho maltrapilho são teoricamente normais naquele navio, acredite.

Segurou a mão de Megumi quando ela tentou cutucar Alice. Aquilo não era muito educado, e tampouco faria com que a gata se sentisse bem. Não usou força, apenas deteve a trajetória do cutucão para evitar maiores constrangimentos. Como poderia ele explicar a presença de uma gata falante se nem mesmo ele entendia? Bem, isso não mudava o fato de que Alice era sua companheira e estava ali agora, deveria incluí-la no disfarce que criara para si mesmo, e optou por mantê-la por perto, também para frear qualquer desconfiança por parte da moça de cabelo rosa que o acompanhava. Além disso, Tony tinha sua própria forma de se preocupar com cada um dos membros de sua tripulação.

-Alice, eu sinto muito, mas será que pode entrar conosco na loja e esperar que eu veja os equipamentos médicos? Depois disso, eu prometo que vou contigo aonde quiser e ninguém vai te fazer mal enquanto eu estiver por perto. A propósito, esta é Megumi-san, uma moça de bom coração que aceitou me guiar por ai.

Era verdade que ela era uma pirata e sabia se defender, Tony estava completamente ciente deste fato. No entanto, como é que ele simplesmente explicaria para Megumi que ia deixar a gata sair por aí sozinha pela cidade, principalmente depois do modo conturbado como ela acabara por chegar ao local? Não havia como, sem dizer que ela era uma gata falante pirata, o que justificaria sua capacidade de se cuidar, mas também jogaria o disfarce por água a baixo.

-Megumi-san, Alice, vamos entrar. Prometo que não vou demorar muito.

Tentando evitar mais diálogos e consequentes perguntas difíceis de serem respondidas, Tony tomou a iniciativa e adentrou a pequena loja do Sr. Tachyon antes de ambas. Acenou para o dono da loja de forma cortês, e dirigiu-se às prateleiras, para analisar os equipamentos e igredientes. A vantagem de ter crescido em família rica é que Tony já tivera muito contato com esse tipo de equipamento, para poder determinar sua qualidade e eficiência.

Por um momento, Redgrave congelou na posição em que estava. Ele não era marinheiro, não devia nada aquele homem, ele não precisava ajudá-lo de forma alguma. E, no entanto, sentia-se inclinado a fazê-lo. Respirou fundo, deixou que os pensamentos se ordenassem novamente, e virou-se para olhar bem para o velho e Megumi, já que antes estava de costas analisando os objetos da prateleira.

-Nosso barco está na costa também. Se tem piratas por perto, então, não posso simplesmente deixar que façam o que querem com nossa embarcação. Eu estou indo pra lá. Megumi-san, obrigado por tudo. Se eu sobreviver aos piratas, talvez eu volte.

Caminhou a passos largos até a porta, deu uma última olhada para trás, e sorriu para Megumi, acenando para ela em uma breve despedida. Redgrave era realmente grato pela ajuda que recebeu. Mas agora, ele havia encontrado a perfeita justificativa. Em meio a batalha, seria perfeitamente normal que objetos se extraviassem ou acabassem no fundo do mar. Ninguém daria por falta de alguns equipamentos. E, derrotando os piratas, poderia fazer com que a maior parte do carregamento fosse realmente entregue ao dono, mas isso seria apenas a consequência de seu próprio roubo, algo que um pirata poderia fazer.

Assim que saiu da loja, começou a correr na direção do porto. Sabia que não precisava chamar por Alice, ela entenderia que o restante da tripulação era capaz de se defender, e logo concluiria que Tony, na verdade, dirigia-se a este barco que estava sendo atacado. Ela estaria consigo caso desejasse participar dessa luta. Sorrindo, o rapaz avançou pelas ruas de Shell, na direção que lhe  parecia ser a costa. Ágil e esguio, não tinha muita dificuldade em dançar por entre os demais pedestres para evitar colisões e seguir o seu caminho.

-Eu estava esperando por algo assim. A chance de bater em um monte de piratas ao mesmo tempo.

Redgrave havia saído um pouco antes de Alice da loja, por isso, chegou alguns segundos antes ao porto também. Olhou bem para as embarcações. Não foi difícil perceber que haviam ali quatro bandidos, sendo que um par deles tratava de analisar a mercadoria enquanto os outros dois praticavam a subtração dos objetos. Respirou fundo e passou a mão pelo rosto para retirar o excesso de suor que escorria por seu rosto. O dia estava realmente quente, e Tony detestava dias ensolarados e quentes como aquele.

-Alice. Logo a marinha vai estar aqui, então precisamos primeiro garantir os equipamentos médicos pra depois confrontar esses caras. Eu sou a isca, você pega algumas coisas pra mim enquanto eu os distraio. Depois, pode me dar uma ajuda a bater nesses caras. O quão boa você é de memória?

O jovem pirata sorriu, tirou sua camiseta e jogou-a ao chão, de seu lado, exibindo o dragão avermelhado, tatuado em seu corpo, desde o braço até o abdômem. Aquela camiseta era tão velha quanto se lembrava e estava bastante suja também. Não precisava mais dela. Além disso, o calor o deixava desconfortável.

-Bandagens, curativos, anti-coagulante, alguns remédios, algumas drogas, ervas, um misturador, triturador, luvas, bisturis, máscaras e se achar alguns livros. É disso que eu preciso. Desculpe te pedir pra fazer isso, mas eu realmente preciso de tua ajuda. E acho que tem mais chances de passar despercebida do que eu. é perfeita pra essa tarefa.

Cerrou o punho direito e levou-o até o esquerdo, este aberto, para estralar os dedos e deu alguns passos na direção do navio pirata. Em Loguetown, havia enfrentado mais de uma pessoa ao mesmo tempo, mas duvidava que aquilo sequer parecesse com o que iria enfrentar agora. Pra começar, eram quatro, e não dois. E também, eram piratas, mais acostumados a lutar do que aqueles marujos de água doce que enfrentou quando roubou o barco. Chegou a duelar com um marinheiro, mas fora algo muito breve.

-Eu vou na frente. Pode ser que haja mais algum deles por ai, então a sua tarefa também é importante e perigosa. Cuide-se.

Redgrave estava designando a tarefa mais "chata" para Alice. Era, de certa forma, egoísmo de sua parte, mas era necessário que um dos dois pegasse os itens antes que a marinha chegasse para conter a confusão. Não deu a ela uma chance de responder no entanto, e apressou-se a ir na direção da embarcação, subindo até o convés onde estavam os homens. Não fez questão nenhuma de se esconder, muito pelo contrário, assim que teve a chance, chamou a atenção de todos os quatro, tomando o cuidado de se posicionar de forma que todos estivessem em seu campo de visão.

-Senhores, peço um minuto de sua atenção. Eu quero essas coisas pra mim, então, se puderem carregar estas coisas até o meu navio, que fica ali do lado, eu realmente agradeceria.

-Não entendo essa tendência a adiar o inevitável. Vejam. Existe uma pequena diferença entre piratas comuns, que são vocês, e um bando cujo líder possui uma recompensa de 100 milhões de berries. E essa diferença é o que vou mostrar pra vocês.

Redgrave ergue ambos os punhos e flexionou um pouco as pernas, adotando uma postura de combate, mas sem sair do local, estudando seus adversários, e sorrindo. Trabalhar o psicológico, irritar, pressionar, era algo que tirava a concentração das pessoas. Pessoas que não estavam preparadas para se manter equilibradas, tanto mental quanto fisicamente, estavam sujeitas a perder antes mesmo da luta começar.

-Sabe, as pessoas os viram roubando o navio, ao passo que eu estou aqui fazendo frente a vocês. Lutando pela justiça. Quando a marinha chegar aqui, quem acha que vão prender? O tempo tá contra vocês, não contra mim. Enquanto ficam segurando esses brinquedos que chamam de arma e se mostrando um para os outros, a prisão de vocês fica cada vez mais iminente. Vamos tornar isso mais interessante, okay? Venham com tudo de uma vez.

Redgrave continuava fitando-os, intrigado. Espadas ainda poderiam ferí-lo, mas ele sabia a essência para derrotar adversários armados, e nunca tivera problemas com isso antes. Mas dar o primeiro passo e assumir a ofensiva de cara não era lá o modo como Tony lutava. Muito pelo contrário. Estudar a movimentação, atitude e reações dos seus oponentes, seja como artista marcial, seja como medico, era o que realmente atribuía ao mesmo alguma vantagem. Prestava atenção em cada sinal, cada atitude, esperando o ataque e a consequente chance de contra atacar.

-Eu aposto que levam menos de 10 minutos. E vocês? Vamos fazer um bolão.

Ataques diretos e frontais dessa forma eram os mais fáceis de se evitar. Redgrave analisou cada passo que o homem dava, entorpecido pela raiva e vontade de derramar sangue, estudando a velocidade de seus movimentos, preparando-se para contra atacar. Já estava em posição de combate a um tempo, então, seu corpo estava em posição perfeita para esquivar-se e contra atacar. Logo, a distância entre eles diminuía ao passo que encontrava-se agora ao alcance da katana de seu adversário que logo iniciaria ao sua sequência de golpes. Tudo aquilo já havia acontecido múltiplas vezes em seu treinamento e se repetido em LogueTown. Cada um lutava com as armas que tinha, e Redgrave não estava desarmado. Se aqueles piratas usavam katanas como suas armas, então a de Tony era o seu próprio corpo.

O primeira era um golpe na horizontal, na altura do peito. Ainda que estivesse ao alcance da arma do oponente, o jovem pirata deu um passo longo para trás, utilizando-se de sua velocidade máxima, a de 31 m/s, sem dar chances para o azar, tentando evitar o primeiro golpe. Logo na sequência, um golpe vertical de cima a baixo. Para Tony, esse era particularmente o tipo de golpe mais fácil de evitar. Era fácil de prever, haja visto que o homem precisava levantar suas mãos ao alto para depois proceder ao ataque. O jovem pirata desta vez deslocou-se para a direita para evitar o ataque, e mais uma vez, um golpe na horizontal era preparado.

Por mais uma vez, o jovem pirata recuou com um passo largo e rápido para evitar o golpe do inimigo, novamente valendo-se de seu máximo potencial no que tange a sua velocidade, e no mesmo movimento, esticou seu braço, fazendo com que o mesmo fosse ainda mais para trás. Se evitasse o golpe, o homem ficaria momentaneamente com a guarda baixa. Uma das desvantagens do uso de arma era que o peso delas dificultava e atrasava a transição entre ataque e defesa. Neste momento de vulnerabilidade de seu oponente, a mão de Redgrave começou a voltar a toda velocidade, logo transformando isso em um soco amplificado pela distância percorrida pelo braço, que continuamente recebia impulso, e que, por fim, alvejava o rosto de seu adversário, mais especificamente no queixo, uma área de maior sensibilidade e que podia abalar completamente a movimentação e sentidos do adversário, ou até mesmo nocauteá-lo.

-Não, sério... Já pode começar a lutar pra valer.

Redgrave viu quando seu adversário caiu ao chão, obviamente tonto pelo golpe direto que havia levado no queixo. Ergueu os olhos a tempo de perceber um homem armado correndo. Com certeza buscando posicionamento, mas o jovem pirata não tinha intenção de ir atrás dele por enquanto. Deu uma breve olhada ao redor, pra ver que o outro pirata estava ocupado com alguma coisa, provavelmente Alice. Virou-se na direção, preparou um soco dali mesmo e arremessou sua mão, que esticou com o poder da Gomu Gomu no Mi, visando atingir as costas do homem enquanto ele preparava-se para atacar sua companheira. Aquela era apenas uma breve ajuda, um dano baixo mas que serviria para criar alguma abertura para que Alice pudesse contra atacar. Depois de colocá-la nessa enrascada, o mínimo que poderia fazer era tentar ajudá-la, mesmo que pouco.

Recolhendo seu braço, Tony virou-se, deu alguns passos para frente, aproximando-se do local onde estava caído o espadachim que veio para cima dele. Ele levantaria logo se assim fosse permitido. Ergueu seu pé direito e, com toda a sua força, pisou sobre a cabeça de seu oponente. Quanto mais dano acumulasse na região, mais próximo de um nocaute ele ficaria. Logo, voltou seu pensamento ao atirador. Afinal, onde ele estava? Deu uma olhada na direção para a qual o vira correr, virando-se de frente para ela, procurando-o com os olhos, até que foi atingido por um disparo de arma de fogo.

Talvez o atirador estivesse prestes a comemorar o tiro, afinal, havia acertado em cheio, e o mais provável resultado ali era a morte de Redgrave. O que, no entanto, não aconteceria. A bala afundou no corpo de borracha de Tony e voltou, percorrendo uma trajetória inversa contra o atirador. Ainda não estava acostumado com isso, então não tinha uma taxa de acerto muito alta quando redirecionava projéteis, portanto, não sabia se ia acertar. Deu um passo para trás também, o impacto da bala que o atingiu acabou desequilibrando-o um pouco. No entanto, estava a salvo, e passou a caminhar na direção do atirador, sem muita pressa e com um sorriso arrogante no rosto.

-Antes de sair de sua proteção pra mais um disparo, vou lhe dizer uma coisa. Nenhum tiro que efetuar contra mim vai funcionar. E se você tentar perder um segundo que seja com outro alvo, eu te acerto daqui mesmo. Mas sabe o que é mais engraçado? Como atirador, a sua maior chance de vitória é enquanto está ai, longe de mim. Depois que eu chegar, você perde. Mas você não pode fazer nada a não ser esperar que isso aconteça. Ainda tem tempo de jogar tua arma fora e se render, se quiser.

Anunciando o óbvio, Redgrave mostrava a seu oponente que entendia perfeitamente a vantagem que havia obtido. Mesmo que fosse assim, e que a vitória agora estivesse próxima, Tony tomava alguns cuidados. Primeiramente, voltaria a atacar o psicológico de seus adversários, jogando-os completamente contra a parede. Segundo, ele não confiava que havia nocauteado o seu primeiro adversário, este que poderia se levantar às suas costas a qualquer momento, por isso, ele permanecia atento aos possíveis movimentos atrás de si, enquanto continuava caminhando na direção do atirador.

Graças aos poderes concedidos pela Gomu Gomu no Mi o lutador foi capaz de esticar seu braço a vários metros de forma simples, acertando um soco sobre as costas do espadachim que atacava Alice. Isto acabou tirando toda sua concentração, que atacou o lugar onde supostamente o gato estava. Não tinha percebido sua movimentação, e só agora podia enxergar seus calcanhares sangrando, com um corte que chegava até a carne.

Aquilo devia estar doendo de forma absurda, e as garras de Alice estavam imundas de sangue. Não duvidaria nada se ela havia conseguido alcançar até seu osso, pelo tanto que a garra penetrou a pele do espadachim. E isto também evitava que ela levasse um tiro, já que foi mais ágil e se escondeu com antecedência.

Podia raciocinar que um tiro viria em sua direção logo após um ser disparado na direção de Redgrave, que acabava mandando a bala de volta, e esta passava raspando sobre o cabelo de um dos reféns. Ele não estava com uma mira tão boa assim, afinal. E sorte que seu corpo era de borracha, também.

- Hehe. Espadachim tolo, veja se temos kairouseki. - mirava a sua pistola para a cabeça do refém mais próximo. - Você está longe, e temos uma velocidade semelhante, sem problemas para se esquivar. Até você se aproximar, um já morreu. Se importa com estas pessoas?

O espadachim não fazia nada além de obedecê-lo, se dirigindo para as escadas que ficava ao inferior do barco. Avançava mancando, numa velocidade que aparentava menor que vinte metros por segundo. Alice iria pará-lo e matá-lo de uma vez?