[Treino de Resistência] - Me tornando mais forte!

Askins levantava de um susto. Suado e ofegante. Acabara de sobressaltar-se de um pesadelo, em que via a tripulação da qual fazia parte era completamente aniquilada por um ataque surpresa dos marinheiros. A única memória mais nítida que o rapaz tinha da cena, era dele próprio fugindo a nado pelas ondas, enquanto o gigantesco navio brilhava em alaranjadas chamas contra o céu. Mais uma vez, ele fugindo enquanto deixava alguém para trás. Exatamente como com seu tutor.


Sentou-se no catre. Ele não poderia deixar tal tipo de coisa tornar a acontecer. Nunca mais. Era um rapaz orgulhoso de mais para isso. Não era apenas pelo fato de perder aquilo que talvez viesse ser a coisa mais próxima de família que ele teria. Não. Era por novamente ter sido fraco. Não ter sido capaz de liquidar com uma ameaça. Isso fê-lo lembrar da última briga em que se envolvera, e de como o inimigo quase o dominara em diversas vezes durante a luta. De como havia sido quase um golpe de sorte derrota-lo.


É verdade que ele vinha treinando duro desde aquela fatídica ocasião, mas ainda não se sentia forte. Ainda não se sentia com o poder que precisava ter para nunca mais ver de tão perto a desfigurada face da derrota.


Deixou seus aposentos; ambas as tonfas presas firmemente no cinto. Iria de novo explorar os penhascos da baía. Precisava espairecer.
Ao sair de sua cabine, notou que nem mesmo havia amanhecido. A madrugada ia alta, com uma enevoada meia lua emprestando sua fria luz ao mundo. Opacas estrelas faziam-lhe companhia nos pontos em que o céu não estivesse por de mais brumoso e, muito embora nada soprasse além da amena brisa marítima, a madrugada estava bastante fria. Que horas seriam?


Possivelmente o famoso horário do lobo. Momento mais escuro e alto da madrugada.


Saltou para a terra e seguiu pela ladeira que subia na direção do topo dos penhascos.  O ar frio da noite preenchendo seus pulmões. Não tinha certeza do que iria fazer, sendo assim, procurou  se aventurar no interior de um dos bosques que recobriam os penhascos.


Uma vez no interior deles, com o aroma de folhas secas e húmus nos pulmões, começaria uma série de alongamentos para aquecer os músculos do corpo. Então puxou ambas as Tonfas, e iniciou algo que já não fazia a muito tempo – treinar o uso de suas queridas armas. Com sequências simples de movimentos contra o próprio ar.


Mudando as posições delas para a posição ao longo do braço, ou estendida à frente ou mesmo ainda a forma com que segurava a arma como se não fosse nada mais sofisticado que um martelo, deixando aquele curto cabo exposto como a cabeça de um martelo.


Depois treinou vários golpes contra o vento; posições comuns em várias artes marciais como o Wusho, o Aikido, algumas formas de luta do Pa Kua e mesmo das mais artísticas e sofisticadas poses do Kung Fu. Aquilo lhe aclamou os pensamentos. Nada lhe agradava mais do que mexer com suas preciosas armas. Eram simples, em fato, mas sabia que com elas não precisava temer. Adaptavam-se com muita facilidade a sua capacidade de luta corporal.


Seguiu então para o que seria o treino mais propriamente dito. Procurou nas entranhas da mata por uma árvore suficientemente grande e frondosa, e ali começou. Desferindo potentes chutes, joelhadas e – claro – fortes golpes com suas tonfas, o garoto visava se aprimorar cada vez mais em suas habilidades combativas. Fazia tudo sem qualquer pausa desde que alongara, pois precisava tornar-se incansável. Melhorar como fosse possível seu condicionamento físico e o poder resistivo de seus músculos. Precisava ser capaz de aguentar as pressões das batalhas vindouras sem que se cansasse.


Não demorou, toda a parte do grande e largo tronco que estava de frente para o garoto, tornou-se uma imensa moça. Tão grande quanto o próprio Askins e a cada segundo, mais profunda. Cada impacto que ele sentia nos braços, punhos, cotovelos, joelhos e pernas, lhe enviava uma libertadora onda de choque ao corpo, que quase o reconfortava. Ele quase desejava um confronto, ali e agora.


Seguiu golpeando o firme tronco daquela imensa árvore. Os sons secos e abafados de suas pancadas eram as únicas coisas que se faziam audíveis naquela madrugada. Um ataque após o outro. Até que, de repente, algo mais soou na floresta. Algo como um urro.


Por de trás de uma moita, um gigantesco urso pardo saltou na direção do garoto. Forte e grande como apenas os ursos pardos poderiam ser. Askins não podia imaginar a possibilidade da existência daquele tipo de criatura ali, num lugar tão pacato quanto Syrup. Mas ali estava ele.


Mandíbulas arreganhadas em um urro de descontentamento, e uma pata tal qual uma rocha vindo na direção do braço do garoto.


O espanto logo foi substituído pelo  júbilo. Aquela seria uma boa oportunidade de provar a si mesmo o quanto podia aguentar. Até que ponto seu corpo poderia manter-se lutando sem um descanso. Deu um longo passo com a perna esquerda para trás, posicionando a além de sua perna direita, fazendo assim um meio giro veloz que fez com que a patada daquele imponente animal passasse no vazio.


- Bom garoto. Venha.


O urso estava cego de fúria. Seguiu atacando cegamente com as enormes patas. Tudo que Askins fazia era se aproveitar de sua velocidade superior – pois um animal daqueles, que pesava quase trezentos quilos, jamais poderia esperar acompanhar a velocidade de um combatente como ele – deixando que seus ataques passassem cortando apenas o ar.  Deixou que o animal o pressionasse mesmo até quase os limites da floresta. Foi uma longa jornada. Repleta de saltos, rolamentos e esquivas ainda mais esquisitas. O suor recobria todo o corpo do Navegador e encharcava-lhe  as roupas.


Estagnou então a um ponto e não mais fugiu, afastando as patas da besta com golpes laterais de suas Tonfas contra a parte interna do “braço”, daquele grande predador. Isso forçava seus músculos ainda mais do que antes. É claro que ele podia simplesmente ter também sido agressivo contra o Urso. Mas não via qualquer utilidade nisso. Achou melhor a oportunidade para ficar apenas na defensiva. Impedindo o rival de tocá-lo e ver até que ponto seu corpo poderia aguentar.


Manteve-se neste esquema de luta defensiva por um longo tempo. Quando ambos os braços simplesmente não mais aguentavam bloquear, deixou que o urso tentasse abraça-lo, no tradicional ataque mortífero que eles costumavam aplicar contra seus próprios semelhantes. Mas quando a enorme fera de centenas de quilos ameaçou lançar-se sobre si, saltou a frente, adiantando-se a seu movimento, e aplicando-lhe um golpe tão forte  com ambas as tonfas sob os encaixes das mandíbulas, que fê-las pender, presas apenas por pele ao seu antigo dono.


O adversário nem mesmo urrou. O impacto fora tão forte e repentino, e a dor tão lancinante, que o urso simplesmente tombou sem forças para frente, prensando Askins contra o chão. O garoto simplesmente o empurrou de cima de si. A dor desnorteante de seu ataque possivelmente provocara um infarto no urso.


Vencido seu adversário, ele tornou ao navio. Estava exausto e mais suado do que jamais se recordava de ter estado. Agora era o momento de tomar um bom banho e dormir as poucas horas que restavam para que a madrugada desse lugar a uma nova manhã...


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Off.:  Bem, ficou um pouco extenso, mas acho que é um treino que tem boa conexão com a ideia de treinar resistência física, forçar o corpo até seu quase limite... Espero que tenha feito sentido a você que leu, =)
Legendas:
-Falas.
"Pensamentos"


Status

HP: 500
DE: 1000
ST: 200
Velocidade: 37m/s

Armas

Tonfas
Um par de Tonfas feito em um metal um pouco mais leve do que o ferro, suficientemente resistente para aparar golpes de espada, ou quebrar algum osso - em caso de um golpe suficientemente bem aplicado.

Itens:

Objetivos: