[Treino de Força de Vontade] - Além e ainda mais Além!

Mais um dia começava. O jovem navegador se espreguiçava ao sair de sua cama, vestindo-se para mais um longo dia. Pretendia mais uma vez, como da última, treinar sua força de vontade. Algo dentro dele realmente mudara no último treino que fizera a tal respeito. Precisava tentar uma vez mais. Por algum motivo, ele se dera conta de que, quanto mais determinado fosse, menos cansava em utilizar seu Haki.


Sendo assim, decidiu que uma vez mais se poria em uma situação que lhe forçaria os instintos a desistir. Algo inacreditavelmente simples. Pegou uma faca na cozinha, um punhado de cordas; isso seria tudo que utilizaria para seu treino. Uma vez mais, despiu-se exceto pelas bermudas que utilizava como roupa de natação e saiu ao convés.

Ficou ali por alguns instantes, deixando que o brando sol daquela manhã banhasse seu corpo e lhe desse ânimo para a tarefa que estava por vir. Infelizmente, não era aquele mais um dia quente com tantos outros haviam sido. De temperatura um pouco mais amena, a brisa marinha fazia mesmo com que o garoto sentisse um certo frio, despido da forma como estava.

"Bem, tanto melhor. Isso deverá tornar as coisas mais efetivas"

Caminhou calmamente até a proa, próximo da âncora, e tomou um longo fôlego, enchendo completamente os pulmões com ar. Então saltou para a água.

O frio toque daquele líquido que ele tanto amava quase fez com que ele vacilasse em suas intenções. O corpo inteiro começava a tomar um tom arroxeado. Por mais que fosse uma manhã ensolarada, era ensolarada por um sol pálido e fraco, sem que houvesse propriamente calor. O mar então, que passar toda a noite se esfriando, parecia quase uma geleira liquida. Askins tinha a nítida sensação de que centenas de facas estavam perfurando sua pele.

Mas não iria dar-se por vencido por aquilo. De olhos abertos e com o sal a machucar-lhe as vistas, continuou nadando em direção ao não tão profundo solo da baía. Deveria ser algo como nove ou dez metros de profundidade. Lá chegando, em não mais do que nove ou dez segundos nadando, utilizou-se da corda para amarrar as pernas firmemente à âncora. Trazia uma faca da cozinha junto de si, presa no calção. Ela seria o que usaria para cortar a corda.

Mas não o faria agora. Preso aquela grande estrutura de ferro, o garoto não teria como emergir novamente sem que fizesse alguma força. Então obrigou-se a relaxar. Ali, nove metros sob a superfície do mar, com frio e com o estoque de ar nos pulmões esgotando, o Navegador dos Vaizard no Kaizoukudan, iria meditar.

Era um exercício de dificuldade tremenda. Nada é mais difícil do que obrigar sua mente a se focar no vazio, quando há o frio e a apneia atacando de forma tão violenta. Os especialistas costumam dizer que quanto mais tentamos pensar em nada, mais pensamos em tudo. A tarefa de disciplinar a mente para não se ocupar é de uma monstruosidade muitíssimo maior do que para qualquer outra coisa da qual se utilize dela.

Mas, de toda a forma, o pirata se forçou aquilo. Se sua determinação pudera ser o suficiente para escalar uma falésia apenas com a força dos braços, certamente também o seria para suportar frio e falta de ar por um ou dois minutos.

Contudo, a tarefa não se demonstrava tão simples e banal como pudera parecer quando ele tivera tal ideia. Apenas por breves instantes era capaz de preencher com paz a mente, nos outros, pensamentos desordenados a invadiam. Mesmo que pudesse, quase que com sucesso, bloquear as sensações desesperadoras dos sinais de perigo que seu corpo lhe enviava, um outro pensamento era colocado no lugar: Eu tenho de conseguir.

Isso o irritava. Pois mesmo que fosse um pensamento bom, algo que de fato lhe dava forças, não era o que uma meditação queria. Uma meditação requer unica e exclusivamente paz interior. Ele fechou os olhos. Talvez se não olhasse para a enorme âncora que o prendia ali, as coisas se tornassem mais fáceis.

Alguns outros curtos instantes se seguiram. Já fazia quase um minuto completo que o garoto estava submerso, e algumas bolhas de ar transformaram-se em espuma na água, quando ele liberou parte do já viciado ar que tinha em seus pulmões. Ele vinha conseguindo ter um pouco mais de sucesso. Aquela calma e estranha sensação que só se tem no interior de um templo budista parecia tê-lo invadido por algo que, para as circunstâncias, foi um tempo de veras longo. Por um intervalo de quase quarenta segundos, Askins já não mais era um garoto submerso.

Era ele um monge, sentado nas confortáveis almofadas de um templo nas colina. Concentrado e calmo com nada além do som do vento a permear-lhe os pensamentos. Uma jornada que lhe enviava tão dentro de seu ser quanto jamais pudera imaginar chegar. Calma. Aquele era o verdadeira significado de calma...

Então o momento passou. Involuntariamente, seu diafragma contraiu, expulsando mais ar de seu interior, tornando o corpo mais dendos e fazendo-o afundar um pouco mais. O repentino movimento lhe trouxe de volta ao fundo do mar, junto com todas aquelas sensações de frio e de uma falta de ar que, agora sim, após quase dois minutos, começava a deixá-lo louco.

Sem mais delongas, sacou a faca. Deu-se por conta que o corpo estava fraco. Um desespero que somente quem já passou pela experiência de um (quase) afogamento poderia descrever. Ele roçava o maldito pedaço de metal contra as cordas que o prendiam à âncora. Aqueles curtos segundos  antes de sua prisão se romper, pareceram durar mais que todo o resto do processo.

O garoto apressadamente nadou para cima, de forma desajeitada e quase colapsada. Apenas quando rompeu a fina película que era a superfície do oceano, e abriu a boca e um enorme hausto em busca de ar fresco, foi que seu coração desacelerou. Aquele tinha sido o treino mais difícil que fizera até o momento. E o mais louco. Deixou-se boiar na água por algum tempo, antes de trepar na corrente que prendia a âncora ao navio, e subir de volta ao convés...  


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Legendas:
-Falas.
"Pensamentos"


Status

HP: 500
DE: 1300
ST: 500
Velocidade: 37m/s

Itens:

Objetivos: