Prologo - Alvorecer do Pirata Peludo

     Banana fechava todas as portas do dojo de seu mentor e pai adotivo, não seria nada sem que essa família o salvasse e recebesse de braços abertos, mesmo tendo essa aparência única. Sua companheira de treino já não estava frequentando o dojo há muito tempo, em sua cabeça passava a recordação dos momentos de desafio que teve com ela assim também como as disputas para ver quem era mais forte, e Banana sempre perdia. A mesma coisa acontecia com o seu mestre, já debilitado pela idade e sem condições mais de ensinar partia para a cidade para morar junto a filha, que havia abandonado o Bushido para se tornar uma mulher casada, as memorias dos treinos puxados e de muitas vezes cruéis fazem Banana abrir um singelo sorriso no rosto, o tempo realmente passava muito rápido debaixo desse teto.

Banana: – Esta na hora de partir...

     Todos os anos passavam como uma flecha e com a chave na mão e a porta a sua frente Banana apertava forte a chave  e a colocava debaixo de um vaso de plantas bem ao lado da porta, um pouco de nostalgia passava e ate mesmo uma relutância de ir embora, afinal de contas ali era a sua casa, mas já é hora de crescer, já é hora de alçar voos maiores do que a simples ilha de Conomi. Sem olhar para trás Banana vai caminhando e deixando o seu lar cada vez mais distante, mas não era um sentimento de tristeza que lhe preenchia, muito pelo contraio, era um certo fervor que invadia o seu cérebro, o sentimento de que grandes coisas estavam para acontecer em sua vida.

     Não custava para alcançar a praia e o Dojo já estar completamente coberto pelas arvores e vegetação, a caminhada a partir de agora era longa, mas Banana tinha uma vantagem, muitos se cansariam e chegariam fatigados por seguir a praia ate chegar na parte habitada da ilha de Conomi, mas Banana seguia rente as coqueirais se balançando fortemente de uma arvore para outra, utilizando o empuxo da dobra dos coqueiros para ser lançado para frente, era um trecho muito conhecido por ate ser costumeiro se balançar como um primata, mas sempre buscando a furtividade quando chegava perto das áreas habitadas. Desde pequeno faz esse mesmo trajeto, ate por que sua aparência é totalmente diferente da normalidade e muitas pessoas não entendem isso e algumas vezes dava problema, principalmente quando se deparava com pessoas menos intolerantes, muitos ainda ressentiam essa raiva devido a época que foram dominados pelos tritões de Arlong, tudo que fosse diferente de um humano era hostilizado.

     Quando chegava ao porto respirava fundo e começava a se esgueirar em direção ao mesmo por entre as árvores, um símio peludo usando um tipo de proteção samurai  muito comum em treinamento com espadas para esse grupo chegava a beira do porto. Olhava para o céu para ver como estava o clima e se havia alguém no porto.

Banana: – Já faz tempo que vim aqui... Será que mudou alguma coisa por aqui? Preciso arrumar uma espada de verdade antes de sair da ilha...

    A surpresa que encontrou ao chegar ao porto não a a imaginaria nem em seus maiores sonhos, uma verdadeira luta marítima estava acontecendo, aquilo era de encher os olhos, bolas de canhões cortavam o céu e para a maior surpresa de seus olhos animalescos elas eram refletidas pelos próprios homens que estavam no outro barco, aquilo beirava a insanidade.

Banana: – Que tipo de homens são aqueles para conseguirem fazer isso...

    Era um verdadeiro espetáculo, mas ate isso trazia uma vantagem para Banana, com um show desses acontecendo bem a frente de todos seria mais fácil estar na cidade sem causar maiores confusões devido a sua aparência, afinal alguns estariam focados assistindo a bela luta enquanto que outros estariam focados em simplesmente se esconder para evitar algum fogo cruzado. Banana estava no grupo que gostaria de apreciar o show.

Banana: – Muito irado!!! Quem será que irá ganhar?

    Procurava algum barril ou alguma caixa no porto para sentar e poder apropriadamente assistir a toda a batalha de forma mais confortável, ficava atento para cada detalhe daquela luta e podia ver que existia uma grande diferença de estilos entre eles, enquanto um era muito habilidoso o outro se valia de estar mais preparado e armado. Cada um tinha uma vantagem, qual seria aquela que prevaleceria?

Banana: – Aposto uma banana que será o barco menor. As habilidades daqueles dois parecem ser mais efetivas do que os canhões, quando os barcos se aproximarem... O maior não terá chance!

    Banana falava ate com convicção, mas qualquer que seja o ganhador ele não sairia ileso, os dois barcos já estavam avariados e possivelmente não poderiam voltar para o mar depois de uma batalha tão árdua como essa, pelo menos não sem alguns consertos, enfrentar uma tempestade com o barco avariado no meio do mar é morte certa não importa quão forte você seja. Banana poderia tirar algum proveito dessa situação, como estava precisando de uma carona para uma próxima ilha, poderia oferecer seus serviços como construtor ao barco vencedor em troca de uma vaga no barco.

    Agora lhe restava apreciar e assistir a essa grande luta, ficava com seus olhos vidrados nos desempenhos dos dois barcos, tinha só a precaução de não estar no caminho de alguma bola de canhão que fosse refletida por um dos dois no barco menor. Acompanhava o desdobramento da luta com uma olhar brilhante e atento, quase deslumbrado da cena que estava vendo.

   A luta marítima se mostrou realmente incrível, o seu desfecho ser um simples tiro de morteiro acabou por surpreende-lo, o tiro deve ter acertado uma parte vital do barco ou ate mesmo tenha sido a gota d’água para que a água que adentrou nele fizesse que o mesmo venha a pique, em vão e com o barco desnivelado tentavam ainda afundar o navio menor, mas agora já era uma ação de desespero e sem muito fundamento.

Banana: – Nossaaa...uhhh aahh[barulho de macaco]... imaginei que o barco aguentaria os tiros e acabaria afundando quando os dois começassem a dar seus golpes no barco. uhhh aahh Muito legal!

   Uma coisa era certa, aqueles dois homens não eram pessoas normais, poderiam ser parceiros ideias para uma viagem um pouco mais segura, afinal esses mares eram infestados de piratas, e pior ainda, algumas ilhas eram infestadas de marinheiros. Ao fim da batalha o barco menor começa a se aproxima da costa, Banana logo notava que eles não aportavam no porto e preferiam ficar um pouco distante, uma atitude astuta para não chamar a atenção para um barco pirata bem no meio do porto, a marinha não tinha base no arquipélago Konomi, mas de vez em quando fazem rondas e podem passar por aqui, os dois parecem ser astutos e experientes na arte da pirataria... Ou então foi só coincidência.

   O barco logo chegava ao seu limite de profundidade e os dois piratas caminhavam para a terra firme, sem demora Banana corria em direção a eles rapidamente e olhava o barco e o seu estado, colocava ate a mão sobre os olhos para poder olhar melhor enquanto coçava a sua pequena barbicha de macaco no queixo.

Banana: – uhhh aahh Caras que batalha incrível!!! Vocês são muito fortes, bolas de canhão com a mão é insano – Banana tentava pegar na mão de um dos piratas para olhar como eram as suas mão, seus olhos brilhavam de entusiasmo. – O barco de vocês ficou bem danificado, mas para a sorte de vocês dois eu sou um marceneiro, eu posso conserta o seu barco! uhhh uhhh aahh Vocês poderiam me dar uma carona para próxima ilha quando partirem como pagamento.  

   Banana falava a tudo muito entusiasmado e eufórico, nem esperava a resposta dos dois piratas e voltava sua atenção para o barco coçando novamente a sua pequena barbicha.

Banana: – Vou precisar de algumas madeiras para os reparos dos buracos no casco e no convés causados pelas balas de canhão... Um mastro novo seria melhor, mas posso dar um jeito nesse! uhhh aahh aahh AAHH Posso também colocar um canhão na proa do barco se vocês quiserem, é muito melhor que um morteiro... Vou precisar também de um cacho de Banana de pelo menos umas 30 bananas nele! uhhh aahh Já que vocês são fortes poderiam puxar o barco para a areia, fica muito melhor de trabalhar com ele aqui, assim posso ver se teve alguma avaria na sua parte inferior! Vamos vamos, rápido!!!!

      Uma coisa é certa um macaco falando sem parar não era uma coisa muito habitual, mas nesses mares hoje em dia encontrar uma coisa comum seria uma raridade, ate mesmo esses dois piratas tinham coisas anormais. Um dos piratas se torna relutante ou ate mesmo não acreditava que o macaco estava ali falando, poderiam ser sequelas da luta ferrenha que tinha enfrentado, mas o outro pirata é um pouco mais compreensivo e demonstrava uma certa aceitação do que Banana falava.

      Sem material é difícil trabalhar, e depois da luta os piratas precisavam de descanso, Banana continuava coçando a pequena barbicha enquanto pensava em uma solução.

Banana: - Eu acho que poderei consertar ele tirando algumas madeiras de partes não muito uteis... Uuhhh Aaahhh... e colocando em essenciais... Uuuhhuuuhh... Mas não via ficar primoroso. Vocês podem descansar enquanto eu faço isso, depois nós vemos o que faremos em definitivo. Se ao menos tivesse sobrado algum pedaço do barco que afundaram...

      Banana dava um salto na água e depois segurava no barco dos piratas e em um impulso com as mãos saltava dentro do mesmo para ter uma visão mais do alto da localização de onde o barco naufragado esta, talvez ate pudesse ir ate ele e resgatar alguns pedaços de madeira que pudessem ser reutilizados, ou ate quem sabe o próprio canhão, se não estiver muito fundo poderia soltar o canhão e depois amarrar uma corda e puxa-lo para cima, haviam algumas possibilidades.

Banana: - Uuhhh Aaahhh... Eu vou dar um jeito! Meu nome é Banana, qual o de vocês?

      Banana falava e nem olhava para os piratas estava mais interessado no barco, assim continuava a analisar o barco agora que estava nele, procurava identificar realmente o que era necessário consertar, estava realmente empolgado em consertar o barco, gostava sempre de usar suas habilidades com a madeira, achava que delas poderia fazer verdadeiras artes, seu maior sonho era construir o seu próprio navio a desbravar a Grand Line.

      Bem pelo visto os dois piratas além de tudo são bem relaxados, não gostavam muito de ajudar, era claro que estavam deixando tudo nas mãos de Banana, pelo menos se ele fizesse tudo correto, ia ter que se virar sozinho ao que indicava.

      Não fazia muita diferença para Banana, não importa se era um barco de um pirata ou se era um barco mercante o seu entusiasmo era em consertar o barco, fazer tudo sozinho poderia dificultar um pouco as coisas, mas não o impediria de executa-lo, e também cabia a eles um descanso.

Banana: - Ei você que esta indo a cidade, vê se me arruma pelo menos um martelo, um punhado de pregos e um serrote!!! Uuhh. - Sem as ferramentas era impossível consertar qualquer coisa - LEMBRE DAS MINHAS BANANAS!!!

      Não podia também dar moleza para eles pensarem que ele era um macaco mole. Olhava a proa do barco ainda flutuante na água e respirava fundo, pegava alguma corda que estivesse jogada no barco e dando um salto do barco no mar e nadando em direção ao barco naufrago. Aproveitava que ele estava bem avariado e provavelmente com alguns pedaços espalhados e vai juntando as tabuas de madeira que estivessem em bom estados e vai amarrando-as a corda ate chegar à proa, logo começava a arrancar as madeira do barco, sua força sobressalente de macaco servia nessas horas. Não precisava ser muito especifico, qualquer tabua reta que estivesse disponível vai pegando, o serrote daria conta do recado para ajusta-la depois.

      Com uma boa quantidade aglomerada as amarrava como um grande feixe e subia encima delas e voltava remando usando uma das tabuas como remo. Já no barco pirata subia encima dele e puxava a madeira para dentro do barco pela corda. Esperava agora que o outro pirata com as ferramentas retornasse, isso é se ele trouxer as ferramentas, mas dava esse voto de confiança ao mesmo.

Banana: - Uuhhh Aaahhh... Vocês não me falaram o nome de vocês? - Questionava ao pirata que havia ficado na praia - Quais são os seus temidos nomes?

      Banana não vinha muito a cidade e não tinha muito conhecimento dos nomes dos piratas que era famosos, sabia apenas os principais como o Barba Branca, Gold Roger e o Chapéu de Palha que havia libertado a ilha dos tritões que a assolavam, nada mais do que isso, ouvia apenas historias que seu mestre o contava.

      Conseguia recolher uma boa quantidade de madeira do navio antes dele afundar por completo, retornar era um pouco mais fácil, ficava ate feliz por conseguir a madeira. Conseguia puxar a madeira para dentro do navio, agora era começar o trabalho pesado...

Banana: - Aaaahhh Cadê as ferramentas? - Vê os dois piratas sentados na praia olhando para a vida e sem fazer nada - Você não disse que ia na cidade? Nem saiu daí não é? - Os piratas se mostravam os homens mais vagabundos que o jovem macaco já conhecia.

      Não tinha a intenção nem de reclamar ou pegar no pé dos dois, olhava para eles de forma indiferente e levava as madeiras para dentro da cabine do barco para elas secarem um pouco já que logo mais ira chover pelas nuvens negras que vem se formando no horizonte. Logo em seguida pulava do barco na água e caminhava na direção da praia.

      Passava direto pelos dois preguiçosos e caminhava em direção a cidade em direção a loja de ferramentas, não poderia esperar nada daqueles dois e torcia para que conseguisse a carona que haviam prometido depois.

      Ao chegar na loja se deparava com o que vinha buscar, um kit básico com o material que desejava, para um trabalho inicial e sem muito capricho ele servirá.

Banana: - Humm... é, esse esta bom - pegava da prateleira e de longe mesmo retirava os trocados que tinha e colocava encima do balcão onde estava o kit, dava um assobio alto para algum dos vendedores escutar e apontava para o dinheiro já siando da loja - Aí esta o dinheiro, obrigado!

      Não queria perder tempo e já caminhava de volta para o barco a ser consertado.

      Ao chegar na loja se deparava com o que vinha buscar, um kit básico com o material que desejava, para um trabalho inicial e sem muito capricho ele servirá.

Banana: - Humm... é, esse esta bom - pegava da prateleira e como não havia ninguém perto, dava um assobio alto para algum dos vendedores escutar e apontava para o kit já saindo da loja - Coloque na conta do meu tesouro! O primeiro que eu achar eu pago tudo!

      Não queria perder tempo e já caminhava de volta para o barco a ser consertado.

   Quando Banana vai saindo da loja começa o alvoroço das pessoas gritando sem parar, começando pela loja e depois foram juntando mais pessoas na rua, o tradicional povo curioso que segue a multidão, todos a perseguir o jovem primata depois de seu ato de levar o produto da loja sem pagar.

   O macaco continuava andando normalmente lendo as notinhas de rodapé do kit de marceneiro que havia comprado a prazo na loja, bem pelo menos era isso que tinha em sua cabeça. Não percebia de jeito nenhum que aquelas pessoas estavam na verdade o perseguindo, ate que o barulho ficou alto demais e acabou atrapalhando a sua leitura

Banana: – O que esta acontecendo aqui! – Parava de andar e se virava na direção furiosa como se quisesse saber o que estava acontecendo. – Que barulho todo é esse? - Indagava ao primeiro que chegava perto e olhava ao redor para ver se identificava, afinal também tinha uma pontinha de curiosidade.

   Ate que vendo os olhares raivosos e os gritos sendo em sua direção percebeu que todos estavam o acusando, escutava as Falas: Ladrão, Marinha e Socorro. Franzia a sua testa e apontava para o meio da multidão – UUhhh UUhhhh AAaahhh (barulho de macaco)... Eu não Roubei nada! - Falava alto para todos escutarem, saia quase como um brado – Eu vou pagar depois, eu falei pra você! - Se mostrava indignado com toda aquela situação – Isso é porque eu sou um macaco? Ficam dizendo olha o macaco, só pode ser ladrão! Vergonha de vocês - Cuspia no chão e olhava furioso para aquela multidão e cruzava os braços para ver o que acontecia.